quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Para não dizer que não falei dos outros

Falta pouco para chegarmos na Rússia. Para isso, precisamos atravessar os bálticos. A Lituânia já ficou para trás. Agora, passaremos pela Letônia e Estônia. Bem ligeirinho, como foi a nossa passagem por lá. Também pegamos a walking tour com a "Mala Amarela", aquela mesma de Vilnius.

Blackhead's House: construído em 1344, o prédio abrigava comerciantes germânicos solteiros. A casa começou a ser destruída em 1941. Os soviéticos vieram de voadeira e demoliram tudo em 1948 . De alguma forma, as marcas azuis da construção sobreviveram e, em 2001, foi erguida uma réplica perfeita  para comemorar os 800 anos de Riga.

Freedom Monument: A estátua erguida em 1935 fica no lugar onde já esteve um monumento ao monarca russo Peter O Grande. A senhora aí em cima é conhecida carinhosamente como "Milda" e segura 3 estrelas, que representam as regiões culturais e originais da Letônia. Os soviéticos queriam derrubar a estátua, mas alguém inventou que as estrelas simbolizavam a grandiosidade da Rússia. Eles acreditaram. hihihi

Esqueci o nome dessa igreja, mas ela é toda feita de madeira e já foi destruída vááárias vezes. Uma das mais engraçadas foi quando rolou um tititi danado anunciando a chegada  do Napoleão e suas tropas em Riga. O povo para se defender armou uma estratégia: "quando o Napoleão pisar na cidade, a gente toca o terror, queima todo o subúrbio e essa igreja todinha". Daí, numa noite, o sentinela deu o sinal: "lá vem o baixinhoooo, queimem a igrejaaaaa". E queimaram. Bom, o guarda só podia tá bebâdo, porque Napoleão nunca passou por Riga...
As igrejas ortodoxas são as construções religiosas mais bonitas do mundo inteiro, das que eu conheço até agora, claro. Essa daqui é a Cathedral Ortodoxa Russa. Contaram pra gente que no tempo dos russos queriam demolí-la só por ser uma igreja. Alguém foi lá e convenceu a não fazer isso. Conclusão, transformaram-na em um planetário. Hoje em dia a igreja é igreja mesmo. 

Centro de Riga. Legal eu ter fotografado esses peraltas e não ter fotografado nenhum dos mais de 750 prédios em Art Nouveau na cidade, não é? Mas, acreditem, os prédios são lindos e foram construídos para ser um diferencial da capital letoniana em relação às outras capitais européias. Para ver (e fotografar) uma boa concentração deles fica no Art Nouveau District.


Cidade Velha

Pôr-do sol do Skybar em Riga. Uma das dicas mais furadas do Lonely Planet. Eu lá quero saber de ficar num lugar envidraçado- me deixando ainda mais longe do sol, cheio de wannabe e pagando 10 euros pelo meu drink? Humpf! Pelo menos o drink tava gostoso.

Ceninha no Mercado Central
"Bolo de aniversário do Stalin". Uma coisa que os soviéticos REALMENTE não tinham era bom gosto. Ok. Bom senso também faltou. Esse prédio foi construído no dia do aniversário do Stalin. Pra quê? Para abrigar fazendeiros. Fazendeiros na cidade e em um prédio??Er...não sei.Deixa ele vazio, então. E assim ficou por um tempo. Atualmente, o edifício abriga a Academia de Ciências. E os fazendeiros? deixaram no campo mesmo. Ufa!


Cartazes pintados

Riga Style

Tallin. População: 400 mil habitantes + nós dois em outubro

     
Catedral Alexander Nevsky. Por onde a Rússia Czarista passou deixou uma catedral com esse nome. Construída no século 18 pelo Alexander III. E ó! Nem foi egolatria do czar, não. Ele só tava elogiando o outro Alexander- o tal do Nevsky. Herói nacional no século 13, que expulsou sueco, alemão, uma galera da Rússia.


Town Hall. Construída entre 1371 e 1404, é rodeada por prédios do século 15, em tons pastel. Tão "in".
 
Nenhum prédio pode ser mais alto do que a torre da "prefeitura". Mas só no centro histórico. Saindo dali, a cidade é completamente século XXI. 

Town Council Pharmacy. Essa farmácia é mais velha que o Brasil.hihihi. A fachada é do século XVII, mas ela tá aqui desde 1422. Imagina quantos caboquinhos já não bateram a mesma foto que eu???


Xiii...Esqueci como se brinda na língua desses países...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

The show must go on (e o blog também) !

Para (re)começar, pensei em fazer três posts para falar dos países bálticos: Lituânia, Letônia e Estônia. Não o farei. Todos eles merecem a visita e merecerão uma revisita, mas quero mesmo é contar sobre a Lituânia. Ou melhor, sua capital, Vilnius.
E pensar que ela quase ficou de fora.

A primeira a entrar no nosso roteiro foi Tallinn, capital da Estônia, muito bem recomendada  pela também viajante mãe do Caramujo. Riga, na Letônia, concentra o maior número de prédios em Art Nouveau da Europa- para quem nasceu, cresce e vive em uma cidade marcada pela Belle Époque, a inclusão era óbvia. E o que teria a Lituânia a nos oferecer? Fui atrás para saber. 

Bastou ler uma pequena parte, do pequeno texto sobre Vilnius, no Lonely Planet para pensar: já quero!

"Where else could there be the world's only statue of psychedelic musician and composer Frank Zappa? Or a self-proclaimed, unofficial, independent republic inhabited by artists and dreaming bohemians? Where else is there the spirit of freedom and resistance that existed during Soviet occupation? There are reminders of loss and pain everywhere, from the horror of the KGB's torture cells to the ghetto in the centre of all this beauty where the Jewish community lived before their mass wartime slaughter. "


O dia chegou. Na verdade, a madrugada. Pegamos um táxi para o nosso albergue (o  Jimmy Jumps House) e aquela velha desconfiança mundial em taxistas... Achamos que fomos enganados. Lemos em vários fóruns que a viagem do aeroporto para o hostel dava X e, no final, deu X+X+X. Ok. Como diria um primo meu: quem sai de casa tá sujeito a tudo. E não é?

Para explorar a cidade nos juntamos à  Yellow Free tour e fomos parar no lugar mais esperado por mim: Uzupio (ou Uzupis).

  
Uzupis significa "do outro lado do rio". O rio, no caso, é o Vilnia- que, aos olhos de quem mora na Amazônia, tá mais para um dos nossos canais urbanos, mas de água cristalina.
  
Lá pelo tempo da Segunda Guerra, os judeus habitavam a maioria dos imóveis do bairro. Por conta do Holocausto, Uzupio ficou abandonado. Except, pelos "sem-teto", que trataram de ocupar as casas. Depois da independência da Lituânia, em 1990, artistas e bohêmios também começaram a squatting por ali. Hoje, cada rua e cantinho do lugar é uma permanente e dinâmica exposição de arte.


O primeiro mochileiro do mundo



Todo dia 01° de abril, data da independência do distrito, é preciso carimbar o seu passaporte (de verdade!) para entrar no bairro. A estampa do carimpo é a bandeira de Uzupis. É também a época em que o bairro fica (ainda mais) repleto de música, exposições, performances, etc e tal. Mesmo fora de época é possível carimbar o seu passaporte numa espécie de correios-galeria. Mas, por experiência própria, se você tem planos de ir para a Rússia é melhor evitar. O caramujo carimbou o dele e demorou um tempinho para ter a entrada liberada no país. Ao contrário de mim, que só ostentava um brochezinho na mochila. O resto dessa estória, a gente conta melhor depois...



Uma das 4 bandeiras de Uzupis (eles tem uma para cada estação, todas transmitem a mesma mensagem): a mão aberta e furada significa que tudo é aceito, pode entrar,é bem-vindo


 
 
  
  


O Anjo de Uzupis foi erguido no lugar de um monumento soviético. Simboliza liberdade e independência.





Pôr-do-sol mais lindo no quesito "inesperado" da minha vida


A Constituição fica exposta na rua e reflete (em) você


A consituição de Uzupio é um delírio. Ou um sonho.






Um pouquito mais de Vilnius:

                                      



Cepelinai: bolinhos em forma de zepelin feitos de massa de batata e recheados com carne e queijo 

Bulvës: mais batatas.Desta vez, com molho. Provamos por Bulvës+Cervejas que é muito melhor beber do que comer em Vilnius.


Sinceramente, não lembro pq fomos parar nessa passagem. Só sei que foi onde aprendi a minha primeira palavra em russo: suka! Which means bitch!

Vilnius da colina de Uzupios. Ao fundo a torre de tv palco de sangrentas manifestações anti-comunistas.

Reza a lenda que Napoleão viu essa igreja e disse: Escândalo! Quero uma igual em Paris


A galera da walking tour saindo do bar tradicional pertecente a uma comunista ferrenha- até hoje. Cervejas artesanais deliciosas. Da esquerda para a direita: o canadense, a austríaca, os alemães, os suíços e os brasileiros.



į sveikatą!

Úrsa.


 








segunda-feira, 25 de outubro de 2010

And the Zubrowka goes to...

Atenção concorrentes da PROMOREKA! Essa é a hora em que sobe o som da quinta do Beethoven  (tchan...tchan...tchan...tchaaaaan), vocês se abraçam e começam a rezar. Mentalizem, galere:



Si Deus Nobiscum quis contranos

Como nós somos muito sérios, estabelecemos alguns critérios para a avaliação dos pontos enviados por vocês para a constituição da futura Monarquia Republicana da Eurakia. São eles:

-Originalidade
-Humor
-Ortografia
-Coesão e coerência
-Puxa-saquismo
-Compostura
-Pontualidade
-Relevância
-Doidice

Como alguns concorrentes ficaram empatados...


( porque PARENTUM VOTO AC FAVORE)
 ...decidimos colocar peso nos critérios et voilá!

Nem a tentação do nepotismo é capaz de manchar nossas boas intenções



Parabéns Lygia Maria! Você é a feliz ganhadora da PROMOREKA e tem até 30 dias úteis, a contar da data da divulgação desta, para pegá-la com a equipe Eurekers!



*Caso o(a) ganhador(a) da PROMOREKA não resgate o seu prêmio em até 30 dias, automaticamente, a Zubrowka passará a pertencer ao congelador da equipe Eurekers e estará a disposição da mesma.
*Caso o(a) ganhador(a) da PROMOREKA indique outra pessoa para pegar o seu prêmio ou finja que está doando a vodka para outrem, o procurador- ou suposto beneficiário- deverá apresentar uma procuração registrada em cartório.
*As regras de entrega desta PROMOREKA jamais mudarão. Nem diante da súplica presencial ou virtual.


sábado, 9 de outubro de 2010

PROMOREKA: aviso

Galere, por conta de contratempos viajeiros lamentamos informar que tivemos que consumir a Zubrowka destinada à promoreka.

Êêê! Vocês gelam, é?

De fato, os contratempos existiram, mas a promoreka persiste e o resultado foi prorrogado para este domingo (10).

Novos comentários serão aceitos até lá.

Pra quem já participou, agora, é só esperar o resultado.

Anônimos, identifiquem-se para entrar no páreo.

До свидания !

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Polônia e Países Bálticos: pitadas



No trajeto de Praga à São Petersburgo, decidimos parar pelo menos um dia em cada país pelo caminho. Vi a Polônia passar pela janela do trem. Cracóvia deve ser bela sem chuva. Segui a recomendação de uma amiga-irmã e experimentamos suco de maçã com zubrowka, uma vodka cuja garrafa contém uma erva (um talo, na verdade) dos quais os bisões se alimentam. Gostamos tanto que resolvemos sortear uma entre os amigos.
Vilnius, capital da Lituânia, é uma bela cidadezinha habitada por top models e jogadoras de basquete. A segunda parte mais interessante é Uzupis, um país não oficial dentro de Vilnius, com constituição, hino, bandeira e tudo o mais que os artistas e/ou bêbados do lugar imaginaram desde 1997. O sol voltou e nos proporcionou um fim de tarde vermelho e memorável.
Na Letônia conhecemos Riga, mais bela que Vilnius, com igrejas monumentais com pontas douradas em seu centro medieval. Tive a impressão de que em Riga as pessoas são mais simpáticas do que a média no leste europeu, o que aliás não quer dizer muita coisa. A bebida local é black balsam, que supostamente Goethe chamou de "elixir da vida". Experimentamos pura e está mais para elixir paregórico. Misturada com sucos de frutas melhorou bastante.
Tálin, na Estônia, tem um centro histórico impressionante, com belas vistas dos telhados triangulares e detalhes dourados. Pessoas impossivelmente altas, brancas e loiras circulam pelas ruas de paralelepípedos gelados. Cansados de batatas e simplicidade, já abandonamos qualquer expectativa em relação à culinária local desde a Polônia. Vanna Talinn, a bebida local, é um remédio melhor do que o elixir da vida.
Para escapar da rotina de passear por cidadelas medievais magníficas e turísticas, fugimos para ver o mar Báltico e as redondezas da cidade. Acabamos em um bairro constituído por charmosos chalés de madeira, que nos lembraram os de Mosqueiro. As folhas secas caem e cobrem os gramados. As que restam nas árvores, iluminadas pelo sol grande e baixo, brilham vermelhas, amarelas e laranjas, tornando o mundo em um agradável filme em sépia.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Chuva, jazz e cerveja

 
Praga é bela, mesmo cinzenta e fria. Contudo, fomos forçados pela chuva a permanecer mais tempo em ambientes secos e aquecidos, como bares ou museus. Na verdade, mais bares que museus. Reencontrei minhas deliciosas, douradas ou negras, Staropramem, Urquell e Budvar. Descobri Bernard, talvez a melhor de todas.
Eu lembrava de uma cerveja que tomei em 2005 chamada Velvet. Procuramos pelos bares centrais e nada. Supermercados, cervejarias e nada. Recorri ao google e descobri que outros tiveram a mesma dificuldade e que a haviam encontrado em um bar de jazz do outro lado do rio. Velvet cada vez mais underground, diagnosticou a Úrsa.


No mais, curtimos Praga em seus pequenos detalhes. Paguei 185 coroas por uma bunda (casaco, em tcheco). Assitimos a um trio de jazz para um trio de espectadores. Comi porcos e patos assados com batatas. Úrsa virou vegetariana, movida por salmões. Tudo isto com ótimas cervejas, chuva e frio. Chuva em Praga parece praga. Que venham os países bálticos.


PS: a PROMOREKA continua valendo no post abaixo até sexta-feira.

sábado, 2 de outubro de 2010

PROMOREKA: A vodka do bisão no pisão!

Eurekers foi à Vilnius, capital da Lituânia e se empolgou com Uzupis- distrito da cidade que em 01 de abril de 1997 se declarou um país fictício. Como toda nação que se preze, os uzupienses fizeram estátuas homenageando seus heróis- bebâdos e/ou artistas, em sua grande maioria; elegeram um presidente; compuseram um hino; e possuem uma constituição própria. São alguns direitos e deveres dos habitantes do lugar:

-Todos têm o direito de morrer, mas isso não é um dever
- Todos têm o direito de não ser nem memorável, nem célebre
- Todos têm o direito de ter preguiça ou de não fazer nada
- Todo cachorro tem o direito de ser cachorro
- Todo gato tem o direito de não amar o seu dono, mas deve lhe apoiar nos momentos difíceis
- Todos não têm o direito de ser violentos
- Todos são responsáveis por suas liberdades
- Todos têm o direito de não ter nenhum direito

Depois de passar por Uzupis, pensamos em criar nosso próprio país, a Eurakia, e ter uma constituição tão legal quanto a do distrito mais bohêmio de Vilnius. Para isso, contamos com o apoio de vocês e vamos recompensá-los: uma garrafa de uma autêntica (e fantástica só ou com suco de maçã) vodka polonesa para quem sugerir o artigo mais original, criativo, hilário, enfim, que convença a equipe Eurekers a se desfazer dessa maravilha do leste europeu.

As sugestões devem ser postadas nos comentários deste post. Quem escolher o perfil "anônimo", lembre de assinar o seu nome.


                                                                            Nasdrave!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Budapeste parte I - um belo dia


Jane acordou ainda mais bela. Fui à janela e observei húngaros caminhando em todas as direções. O sol baixo e forte indicava que a manhã fria logo ficaria agradável. Optamos por começar o dia relaxando nas termas do parque da cidade. Boiamos em águas de diferentes temperaturas e odores. Frequentamos saunas secas, molhadas, coloridas e aromatizadas. Relaxamos até nos cansarmos.
Na saída do parque havia a galeria nacional, que estreava uma mostra sobre Klimt e seus cumpadres. Jane fingia gostar de coisas que considerava intelectuais e eu a acompanhei, torcendo para que não se tratasse de pinturas semelhantes às de meu sobrinho Calvin. Jane lia atentamente cada quadro informativo e eu a larguei em busca de mulheres peladas. Dei sorte. Aqueles austríacos safados retratavam o corpo feminino desnudo com diferentes técnicas e estilos. Estendi os braços para trás, cruzei as mãos e caminhei vagarosamente, parando em frente às obras, apreciando cada detalhe. Me rendi às artes, constatei.
De repente a vi. Ela era opaca e brilhava ao mesmo tempo. Cabelos ruivos e soltos, contrastando com o movimento azul do universo no fundo. Via-se marcas de pincel em seus olhos brancos e compreensivos. Seu braço direito erguia um espelho, que simbolizava claramente qualquer coisa. Havia uma serpente tosca passeando por suas pernas. Uma espécie de moldura dourada fazia parte da obra e iluminava a sala. Nuda Veritas. Sinto que nos encontraremos outras vezes.
Quando cheguei ao final da exposição, Jane me aguardava. O sol estava forte e caminhamos até a ilha mais próxima. Intencionalmente sentamos à beira do rio e enlaçamos as mãos. As folhas já secavam e caíam. Vimos no horizonte um monte em cujo topo havia uma pequena estátua. Calculamos que havia tempo suficiente para caminhar sem pressa e lá chegar antes do sol se por.
Os dois lados do rio eram belos. Num deles havia montes com palácios, igrejas e edifícios antigos. O outro lado era plano, com um parlamento enorme no centro e belas construções na margem, com exceção de alguns prédios comunistas e horríveis. Vista do alto, Budapeste era ainda mais bela. Sentamos entre o sol e a cidade dourada, até não haver mais nem uma coisa nem outra.


Jane me informou que havia comprado ingressos para um espetáculo musical, cuja personagem principal era uma espanhola gostosa que todos qureriam comer. Tomamos o metrô e conseguimos chegar a tempo. O lugar era luxuoso e estava cheio de húngaros bem vestidos. Vi muitos instrumentos musicais e imaginei que Jane me sacaneara de novo. Cordas vibraram, sopros reverberaram. A espanhola entrou. Não era lá essas coisas, mas compensava com uma voz magnífica. O som percorria o ambiente como o fundo azul da verdade nua. Até reconheci uma ou outra canção e sorri para Jane, tentando sacar de onde eu conhecia aquilo. Toque de celular ou desenho do Pernalonga? Aplausos. Vinho. Jane. Um dia pode ser perfeito em Budapeste.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Algo acontece em Sofia...

Parece que Sofia conspira. Certeza que os moradores dessa cidade tem algum plano para atingir algum objetivo.

As calçadas são quebradas; os bueiros ameaçam se abrir em crateras; as ruas são mal iluminadas, mas seguras e bem sinalizadas. Os prédios são locações perfeitas para filmes sobre a II Guerra e/ou os anos com a presença comunista. O nosso "apartamento" ficava em um desses cenários "meio bonito, meio decadente". Lá, funcionavam escritórios de advocacia, consultórios e, desconfio, uma sede da "Trama Nacional Secreta- sessão Sofia".

Quando descíamos do 3º andar para sair do prédio, às vezes, encontrávamos nossos vizinhos. Quando passávamos por eles, a porta era imediatamente fechada e a voz ficava em uma intensidade somente captada por golfinhos. [Mesmo em tom audível, a língua búlgara é indecifrável. A sonoridade me lembrou uns chicletes que estouram na boca, feito estalinhos]. Disfarçando que não estavam nos olhando, sempre "esqueciam" algo e voltavam ao imóvel para deixar a gente passar na frente e fingir que não estavam nos observando melhor. Sei.
Os prédios, como já disse, eram mais ou menos admiráveis. Até seriam, se não tivessem essa aparência de incendiados em um bombardeio. Quando noto isso, Sofia, imediatamente, põe aquele disfarce: das fachadas cinzas se destacam as cores vivas das flores, que ignoram a chegada do outono. "Muito estranho...".




                                                                        Highlights


Presidential Palace


Nevski


Hostel Mostel


sábado, 25 de setembro de 2010

3 países em 5 parágrafos

Grécia


Não é de se admirar que o conceito de "belo" tenha surgido na Grécia (fonte: FERRO, Úrsula - já na segunda garrafa de vinho). Mar espetacular, ilhas vulcânicas, bela arquitetura, deusas gregas... Como beleza não é tudo,há ainda a ótima e leve culinária, com berinjela e queijo feta em todas as suas possibilidades, peixes e frutos do mar frescos e azeite de primeira. Descobri que até o pastel folhado veio daqui. Para beber, vinho e ouzo, um licor de anis com alto teor alcoólico, semelhante ao Ricard. Tudo bem mais barato que na França. Todos bem mais simpáticos que na Itália.
Na capital Atenas recomendo perder-se pela multidão que passeia pela noite, por ruas descritas por equações matemáticas complexas, descobrindo vez por outra Acrópolis no alto de um monte. A ilha de Santorini é o lugar mais agradável onde já estive. Creta é grande e bela, com turistas demais. Será difícil algum país desbancar a Grécia nesta viagem.

Bulgária



Sofia não é feia. Há igrejas com arquitetura interessante. Os prédios parcialmente destruídos até possuem um certo charme. A culinária não chega a ser horrorosa. A cerveja agrada, assim como a rackia. As pessoas constumam me observar. As bancas de revistas são subterrâneas. Dizem que há lugares mais interessantes que Sofia na Bulgaria. Pelo menos o hostel foi excelente.

Bucareste, Romênia




Prédios espetaculares a cada esquina, muitos deles com outdoors ou neon gigantescos em plena fachada. Chegamos num sábado a noite e a cidade fervilhava. Ficamos em um quarto com paredes revestidas com tecido vermelho em um hostel onde rolava festa gótica no sábado e churrasco vegetariano no domingo. Conhecemos algumas pessoas legais. A língua, ao contrário da Bulgária e Grécia, é fácil de ler. Nas galerias de arte havia mais vigilantes que visitantes. A comida mais saborosa que experimentamos foi massas no pizza hut. Cerveja e vinhos decentes. No fim das contas, pareceu um lugar legal para morar um tempo.

Sighişoara, Romênia




Viemos parar na Transilvânia. Lembro que costumava ser a fase mais difícil nos tempos de videogame. Chegamos numa noite sombria e saímos para procurar vinho pelas ruas onde Drácula, o verdadeiro, nasceu. De dia, trata-se de mais um desses vilarejos medievais espetaculares. A tarde fluía sem sentido, até descobrirmos Palinka. Theo e sua família passaram os útlimos 450 anos destilando ameixas, peras, frutas do bosque e aperfeiçoando este néctar em uma cave, que descobrimos sem querer numa ruela fora da rota dos turistas. Para finalizar a Romênia, roubaram nossas toalhas do varal e partimos num trem noturno para Budapeste.

por Luigius Caramujov Işihara