sexta-feira, 15 de abril de 2011

Tá russo!

Olha, não sei quando e nem como essa expressão surgiu no Brasil. Só sei que ela se encaixa feito uma Ushanka na nossa viagem pelo território do "Batman e Robin"- apelido dado pelos embaixadores americanos, segundo o Wikileaks, ao primeiro-ministro Vladmir Putin e ao presidente Dimitri Medvedev.

Para começar, é necessário fazer um mea culpa. Afinal, o primeiro aperto foi psicológico e culpa única e total nossa. Depois de não ter conseguido o visto para a Trilha Inca (como vocês já leram aqui), só encontramos um novo rumo depois de ler uma matéria na internet sobre o fim do visto para brasileiros que queriam visitar a Rússia. Foi a partir dessa informação que começamos a desenhar o roteiro.  Ligamos ou mandamos emails para as embaixadas de cada país que nos interessava no caminho para a Rússia. Descartamos todas que precisavam de visto- não tínhamos tempo e nem estávamos a fim de gastar dinheiro com isso. Tivemos todo o cuidado de saber dos lugares que aceitavam brasileiros, sem burocracia. "Apenas" esquecemos de checar a informação da matéria que nos encorajou. Esquecemos de checar os trâmites de entrada no destino final e  quase que "meta principal" da viagem. Legal, não é mesmo?

Amadorismo 1 x  0 Eurekers

O melhor da estória é que essa falta de informação/confirmação só passou pela nossa cabeça quando estávamos na estrada, saindo da Estônia, última parada antes da terra da vodka! No busão, que só tocava clipes escolhidos a dedo por um especialista em supermegatrash 80's, não parávamos de nos questionar se a ausência de visto era como na União Européia, ou se precisávamos de um cadastro prévio, ou se exigiriam mais vacinas do que a da febre amarela (que, aliás, nunca me pediram em canto algum, apesar de ser uma exigência em n países)...

O posto da polícia de fronteira chega. Fila. Nervosismo. Quem passa primeiro? Se um passar e o outro não, nos desgarramos? Para onde voltaremos se não nos aceitarem? Para a Grécia, definitivamente!

-Good Morning (acompanhado de um sorrisinho besta)
- (silêncio. Acompanhado de um rosto mais inexpressivo do que o meu)
Olha para mim. Olha pro passaporte. Olha para mim. Olha pro passaporte. Sorrisinho meu. Desprezo da atendente. [A essa altura eu já tinha desaprendido a me incomodar com a frieza. Se tivesse saído direto da Grécia para a Rússia, aquilo teria me deixado meio down]. Duas carimbadas. Uhu! Passei, caráleo, passei caráleo....tou dentro!

Latidos. Latidos. Latidos na minha direção? Oi?

Um senhor me pede, em russo, meio que fazendo mímica, para ver a minha mochila. Meupai! O que o cachorro poderia ter sentido na minha mochila?!?!?!? Nem alimentos de outros países eu trazia!!!! "Aimeudeus, isso é conspiração internacional, só pode ser...". Tudo passa pela tua cabeça.
Abre a mochila, bonita.

Duas olhadinhas meio de longe, ele começa a falar coisas que eu não entendo, até que solta um "medicine". Ah tá! Isso eu tenho. Nada demais: remédio para dores e enjôos. Tudo certo. Espera um pouco o Luigi e, agora, a gente passou, caraleo!

O ônibus dá a partida. Na seleção de clipes, uma pausa da trasheira. Começa a tocar uma música irônica, para a ocasião: Material Girl, da Madonna. Eu, entrando na Rússia - ex-União Soviética - , ao som de Material Girl. hahahaha. Vamos ver quais outras contradições e surpresas vêm por aí.

Úrsa.